Make me a Queen ♛

“Ele vagabundo, ela dama. Ele do subúrbio, ela da zona sul. Ele só fala português, ela fala inglês, francês, e tá nas aulas de dinamarquês. Ele de uno, ela de bmw. Ele no supletivo, ela na faculdade. Dois mundos diferentes. Duas personalidades distintas. Mas e quem diria que um dia eles se esbarrariam por aí? Ele a olhou como mais uma patricinha fútil. Ela a olhou como um delinquente. Mas tinha uma coisa ali, uma coisa que só quem estava de fora, notou. Os olhares se cruzaram. E o brilho nos olhos era marcante. A vontade que ele tinha de se aproximar daquela dama era intrigante. A cede que ela tinha de experimentar o beijo daquele vagabundo era enorme. E assim foi. Numa noite, numa esquina, eles se esbarraram novamente. Pensava ele “Esses olhos azuis me enlouquecem.” Pensava ela “Esse corpo me encanta”. Os olhares se cruzando e o silêncio dominando. A perplexidade daquela grande abstinência intrigava quem estava por perto. Ela o queria demais. Ele a desejava sem dúvidas. E então, ele sem pensar duas vezes, beijou-a. Ela sem pensar, só continuou. Ah, aquele beijo! Que estrondo. Ela rapidamente se afastou. Ele a olhou apenas. O olhar fixo amedrontou-a. E ela não pôde controlar seus pensamentos ‘O que ele está pensando?’. Ele diretamente naquela intuição”Como pude beijá-la?” Ela é uma patricinha mimada!”. Ela querendo gritar “ME BEIJA DE NOVO”. E ele como uma vontade desgraçada de beijá-la novamente. Ela já estava indo. Quando por um acaso ele a segura pelo braço. Ela o olha assustada e encantada “Quer algo?”. Ele apenas a entregou sua bolsa que havia caído e sussurrou “Aqui. Estava esquecendo”. Ele como uma vontade de dizer “Fica mais um pouco. Ou me leva com você”. E ela esperando um ”Pede pra eu ficar. Ou vem comigo”. E ninguém disse nada. E então ela se foi. Naquela noite não conseguiu dormir pensando naquele maldito beijo. Ele passou a noite inteira pensando naquela patricinha. Ela pensando “Grosso”. Ele pensando “Mimada”. Estavam apaixonados. Sem sombra de dúvidas. Foram separados radicalmente. Sem ao menos se juntarem. Passaram-se anos. Aquela patricinha nunca saíra de sua mente. Aquele vagabundo nunca deixou de dominar suas noites. Maldita sociedade que impôs a regra do “Cada classe social pro seu lado”. Maldita sociedade que impediu que aqueles dois se encontrassem mais vezes. Eles nunca mais se viram. Mas se completavam do tipo “Café com leite”. Ah, um dia eles se encontram! E aquele estrondo de beijo se repetirá. Só que pra isso eles tem que ir contra o que a sociedade impõe. E isso era complicado. Mas um dia eles venceriam… Ah, se venceriam.”